Inimigos – o diaboArtigo de André Soares – 20/04/2011
O incompreendido filósofo Nietzche estava certíssimo ao dizer que “possuir inimigos é uma felicidade”. Contudo, a maioria absoluta das pessoas, que também constitui a “unanimidade burra” identificada por Nelson Rodrigues, reage com incomum hostilidade a verdades como essa, embora seja reação natural própria da mediocridade e ignorância. De toda forma, as filosofias de Nietzche, Nelson Rodrigues e outras brilhantes personalidades incompreendidas da humanidade não foram feitas para a “unanimidade burra” e fraca, mas para os poderosos e fortes, e estes sempre são raros. Significa dizer que, se você pretende ser um deles, trate de ter inimigos, pois os poderosos e fortes os têm, inclusive porque inimigos são extremamente úteis.
Evidentemente que a arte de ter inimigos é uma expertise perigosíssima porque inimigos podem destruí-lo. Na verdade, isso fatalmente ocorrerá se você fizer parte da “unanimidade burra” e fraca (estatisticamente, você deve fazer); mas não se você for forte, inteligente e corajoso (estatisticamente, você não deve ser). Não se ofenda - a verdade é assim mesmo: dói.
Portanto, se ter inimigos é sempre muito perigoso, ter inimigos também é uma fonte inesgotável de poder. E quanto mais poderosos forem os inimigos que derrotar, mais poder você terá. É importante não esquecer que inimigos devem ser sempre destruídos, completamente. Porém, a maior destruição imposta aos inimigos não é o aniquilamento, mas a dominação; a fim de que, uma vez escravizados e tendo seus destinos vulneráveis ao livre arbítrio do seu dominador, sejam extremamente úteis no futuro, quando serão utilizados para se conquistar ainda mais poder. Dessa forma, ao contrário de continuarem a representar ameaça, paradoxalmente inimigos ficam condenados a viver promovendo a própria segurança do seu dominador, a fim de não sofrerem as nefastas e imprevisíveis conseqüências que quaisquer ameaças à sua incolumidade poderão lhes causar, porque sabem que indubitavelmente ele não hesitará em fulminá-los caso ameaçado, ou mesmo contrariado.
Por tudo isso, extrapolando a sofrível capacidade de compreensão da “unanimidade burra”, em última instância, a grande verdade é que os poderosos e fortes adoram seus inimigos, pois sua destruição lhes proporciona poder, incomensurável prazer e muita diversão.
Afinal, por que você acha que Deus criou o diabo?
Dr. Elton dos Anjos